O Projeto Piloto aqui apresentado objetiva despertar nos pais o interesse na criação de Associações, em seus Condomínios, que incentivem a solidariedade, o afeto e a valorização das crianças e adolescentes para mantê-los longe das drogas, da violência e de outras ameaças à sua integridade. Cuidar de nossas crianças e adolescentes significa abrir espaços de ação criativa e transformadora da realidade social, pois eles são o futuro do Brasil, do Mundo! Cuidar de nossos idosos é cuidar de uma parte de nós mesmos.
.

28/02/2011

Moacyr Scliar

Moacyr Jaime Scliar (Porto Alegre, 23 de março de 1937 — Porto Alegre, 27 de fevereiro de 2011) foi um escritor brasileiro. Formado em medicina, trabalhou como médico especialista em saúde pública e professor universitário. O escritor gaúcho Moacyr Scliar morreu por volta da 1h, aos 73 anos, de falência múltipla dos órgãos. Ele estava internado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre/RS desde o dia 11 de janeiro, quando deu entrada para a retirada de pólipos (formações benignas) no intestino. A cirurgia foi bem sucedida, mas o escritor acabou tendo um acidente vascular cerebral (AVC) no dia 17 de janeiro, durante o período de recuperação, falecendo quase cinquenta dias depois de sua entrada no hospital.
Scliar publicou mais de setenta livros, entre crônicas, contos, ensaios, romances e literatura infanto-juvenil. Seu estilo leve e irônico lhe garantiu um público bastante amplo de leitores, e em 2003 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, tendo recebido antes uma grande quantidade de prêmios literários como o Jabuti (1988, 1993 e 2009), o Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) (1989) e o  Casa de las Americas (1989).
( fonte: Wikipedia)
 Deixo aqui dois artigos de Moacyr para nossa reflexão


Reinventar-se
Falando do arquiteto Oscar Niemeyer, que quase aos 103 anos resolveu tornar-se compositor e escreveu um samba (verdade que não muito bom), disse um jornal que o grande brasileiro acabava de se reinventar. Reinventar-se: esta é uma palavra que, em 2010, ganhou em destaque em nosso vocabulário.
Explicável: nunca antes na história deste país tantas mudanças aconteceram, a começar pela emergência de uma classe média formada por pessoas que, confrontadas com novas situações, precisam, justamente, se reinventar. E o que significa isso?
Em primeiro lugar, é preciso dizer que há uma diferença entre inventar e descobrir. Descobrir é achar uma coisa que já estava ali, aparentemente coberta ou oculta. Colombo descobriu a América, mas a América existia, ainda que não com esse nome, era habitada por muitos povos – só que os europeus não sabiam disso, e glorificaram essa ignorância com a palavra descoberta que, não sem boas razões, tem sido contestada, como de resto a descoberta do Brasil.
Inventar é outra coisa. Inventar é criar algo que não existia, um dispositivo, uma máquina, uma substância química. Inventar exige conhecimento, exige criatividade, exige imaginação; escritores são, de certa forma, inventores; eles fazem surgir personagens e situações que não existiam.
A invenção pode ter contornos sombrios, como a guilhotina (bolada por um médico, o Dr. Guillotin) e as câmaras de gás dos campos de concentração. Mas em geral inventores são objeto de nossa admiração, e o Nobel é um testemunho disso.
Já reinventar é um termo que tem conotação irônica, debochada: quando dizemos que Fulano reinventou a roda estamos fazendo uma gozação. Mas a partícula apassivadora “se” dá ao verbo um outro, e revolucionário, sentido; o termo, por assim dizer, se reinventa.
Reinventar-se significa deixar para trás o nosso passado, significa transformar nossa vida (nem que seja em pequenos detalhes) e isso pode ser um antídoto decisivo contra o marasmo, contra o desânimo, contra a apatia. De repente, somos outra pessoa.
Um choque? É. Um choque. Mas um choque benéfico.
Reinventar-se: eis aí um bom lema para o ano que se aproxima. Reinventar-se como profissional, como cônjuge, como pai ou mãe ou filho ou filha, reinventar-se como amigo, reinventar-se como cidadão ou cidadã, reinventar-se como pessoa. Num mundo em que a invenção é um acontecimento contínuo, em que as mudanças se sucedem de maneira vertiginosa, mexer um pouco com nós mesmos pode ser algo muito bom, um grande começo de ano, um grande recomeço de vida.
Zero Hora (RS), 26/12/2010
Fonte:

Resoluções: seja esperto
Moacyr Scliar

Todo mundo entra no ano novo com o firme propósito de mudar de vida, principalmente no que se refere à saúde, e principalmente em relação ao estilo de vida, que, todos nós sabemos, têm muito a ver com saúde. Exercício físico, dieta, fumo, álcool: eis aí um quarteto clássico, objeto de muitas e fervorosas promessas.
Infelizmente, é mais fácil prometer do que cumprir, como se descobre, com evidente desapontamento, no final do ano, que tão auspiciosamente se iniciou.
E por que não cumprimos promessas? Por que não seguimos nossas próprias resoluções? É culpa de nossa fraqueza, de nossa inconstância? Provavelmente não. Não precisamos aumentar a carga de nossas culpas com essa adicional acusação. Seres humanos têm limitações, cedem a tentações, e isso desde Adão e Eva. O que fazer, então?
A resposta está, antes de mais nada, no jeito de formular as resoluções. Tendemos a ser irrealistas. Criamos objetivos grandiosos, que simplesmente não temos como atingir. Daí o desapontamento. Daí a desilusão.
Lendo um artigo americano sobre as resoluções de fim de ano, encontrei uma fórmula que me pareceu, no mínimo, interessante e que diz muito da engenhosidade de um país que, antes de cometer erros monumentais, revolucionou a ciência e a técnica. E o fez graças a um espírito prático que aparece nessa fórmula.
Para começar, ela se traduz em um acrônimo muito significativo: smart, que quer dizer esperto. Americanos adoram essas coisas. Por exemplo, um estudo sobre a modificação dos fatores de risco na doença cardíaca ficou conhecido como Mr.Fit, abreviatura de Multiple Risk Factor Intervention Trial. Mas Mr.Fit também quer dizer Senhor Apto, apto a viver sem doença cardíaca, obviamente. Smart também é formado de iniciais. O S é de “specific”, e nos diz: seja específico sobre o que você vai fazer. Não basta decidir algo como “vou viver melhor”. O que é viver melhor? Em que consiste a vida melhor? O M é de mensurável. Tudo que é verdadeiro pode ser expresso em números, dizia o cientista Lord Kelvin, e isso vale para o estilo de vida. Vou perder peso: quantos quilos? Vou deixar de fumar: em que dia? Vou caminhar: quantas vezes por semana e durante quanto tempo? O A é atingível: o objetivo tem de estar ao nosso alcance, nada de promessas mirabolantes. O R é de resultado: que resultado quero atingir, ou seja, quanto quero pesar, quantos dias de férias quero tirar? Finalmente, o T é de tempo: quanto tempo vou me dar para conseguir meus objetivos?
Adotar resoluções é coisa que todo mundo faz. Mas adotar resoluções que funcionarão depende de esperteza, depende de ser smart.
A Notícia (SC), 3/1/2011

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Seu comentário será publicado em breve.